quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Carta Aberta

Quando te conheci, era uma inocente flor, perdida pelo primeiro amor, encantada com os sonhos que podia realizar. No entanto, não te vi, não te deixei entrar na minha vida, era jovem demais para distinguir o que era bom do que era menos bom.

Cresci desperdiçando o teu amor, afastei-me e segui o meu caminho achando que estava a fazer o que era melhor para mim e para ti. Achei que encontrarias uma pessoa que te amasse, que te desse o devido valor, coisa que eu não fiz.
Ambos crescemos, amadurecemos, vivemos as nossas paixões, sofremos as nossas desilusões, tornámo-nos adultos, com outros projectos, outras perspectivas de vida.

Quando te voltei a encontrar, era uma pessoa completamente diferente e tu parecias o mesmo, sempre atencioso e simpático. Percebi que te magoei muito, que o meu desprezo te fez sofrer. Apesar de, aparentemente, as feridas estarem cicatrizadas, senti que o tempo não podia voltar atrás, não obstante os meus esforços para que voltássemos a ser os mesmos adolescentes ingénuos e sonhadores.

Hoje consigo compreender as pessoas que amam e não são amadas, como num jogo de sorte em que se lançam os dados e uns têm mais sorte do que outros. Não tivemos a sorte de conhecermos o amor um do outro, agora arrumado no passado e mais tarde esquecido pelas investidas do tempo.

Lamento imenso que a nossa relação não tenha resultado, que eu não tenha conseguido conservar intacto o teu amor, que as coisas se tenham perdido, mesmo a esperança...

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