quinta-feira, fevereiro 24, 2005

O nosso destino

Enquanto ouço esta música admirável (banda sonora do “Fantasma da Ópera”), recordo os momentos bons que juntos passámos. Já se passaram quase dez anos! E ainda há pouco tempo falávamos de coisas banais, trocávamos mensagens ternas…

Fiz a minha parte, a boa e a má. A má foi por não te ter amado e a boa foi poder amar-te. Tanto uma como outra aconteceram em tempos diferentes. Tanto no passado como no presente estamos separados, há sempre algo que nos afasta, que nos incita a procurar o amor numa outra morada. No entanto, podemos ainda vir a encontrar o verdadeiro amor nos braços um do outro.

Todavia, neste instante, parecemos longe um do outro, divididos pelas dores, pelos medos que sempre amedrontaram a nossa relação. E só Deus poderá decidir o nosso destino. A nós cabe-nos a tarefa de lutar por aquilo em que cremos, ter fé, e muita força na nossa labuta diária. Levantar a cabeça sempre que Deus nos chama para realizar algo. Caminhar ao ritmo do tempo. E ter esperança em relação ao nosso futuro.

Enquanto isso, penso em ti, no sorriso que se apagou, no olhar que se perdeu, na mão que se afastou, na boca que se calou… Olho, pela janela, a noite, e vejo uma luz que brilha na escuridão. Para além do que vejo, sinto que um dia tu (ou alguém como tu) me vais fazer feliz e eu vou ter todo o prazer de te dar todo o meu amor. Mas se ainda me amas, não percas a última oportunidade.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

O amparo de Deus

Há coisas na vida inexplicáveis, como a origem do Homem, o chorar, o rir, o sentir. Aqueles que têm fé, crer que Deus está na origem de tudo, que é a solução para todos os enigmas. Deus, Maria, os anjos e os santos são os nossos protectores. Todavia, torna-se difícil para muita gente ter fé em Deus. Como colocar um ser transcendente num patamar racional, humano? Compreendo aqueles que não têm fé, porque precisam de provas palpáveis, coisa que Deus não dá. Deus exige a fé como prova de amor, dando-nos provas através de milagres, da oração, do nosso próprio destino. Deus está sempre ao nosso lado, mas invisível, como uma estrela que ilumina a noite.

Nós, com a nossa dor e os nossos erros, tornámo-nos sombrios, abandonados, por vezes, perdidos sem sabermos o que fazer. Precisamos de uma luz, de uma força interior que nos incentive a caminhar, a lutar por uma vida digna. Deus é essa força que nos motiva na luta do dia-a-dia, que nos ampara e ajuda nas dificuldades. Podemos não nos aperceber da sua presença, principalmente nos maus momentos, mas ele está sempre lá. E quando a nossa vida corre bem, esquecemo-nos que tal alegria se deve à sua ajuda, ao seu apoio.

E é sempre bom contar com o amparo de quem nos pôs no mundo, de quem rege a nossa vida, determina o nosso destino. Para sermos mais felizes e confiantes, basta crer em Deus, todos os momentos, principalmente naqueles em que nos sentimos mais abandonados e desesperados.

Creio que tudo foi criado por Deus, a terra, o sol, o vento, a chuva, o mar, a natureza e o próprio ser humano. Os humanos só fazem o que Deus quer. Tudo depende da vontade de Deus, o mundo dos vivos e o mundo dos mortos. Um dia, todos nós vamo-nos encontrar, quando Deus decidir acabar com este mundo e decidir levar os escolhidos para outro mundo, numa outra galáxia, onde não haverá pranto nem dor.

Aqui, nesta vida, resta-nos aproveitar cada pequeno momento, torná-lo útil, aprender a viver, sugar o tutano da vida e não esquecer a ajuda de Deus, que está sempre connosco, que tem sempre a sua mão estendida na nossa direcção, pronta a proteger e a perdoar.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Carta Aberta

Quando te conheci, era uma inocente flor, perdida pelo primeiro amor, encantada com os sonhos que podia realizar. No entanto, não te vi, não te deixei entrar na minha vida, era jovem demais para distinguir o que era bom do que era menos bom.

Cresci desperdiçando o teu amor, afastei-me e segui o meu caminho achando que estava a fazer o que era melhor para mim e para ti. Achei que encontrarias uma pessoa que te amasse, que te desse o devido valor, coisa que eu não fiz.
Ambos crescemos, amadurecemos, vivemos as nossas paixões, sofremos as nossas desilusões, tornámo-nos adultos, com outros projectos, outras perspectivas de vida.

Quando te voltei a encontrar, era uma pessoa completamente diferente e tu parecias o mesmo, sempre atencioso e simpático. Percebi que te magoei muito, que o meu desprezo te fez sofrer. Apesar de, aparentemente, as feridas estarem cicatrizadas, senti que o tempo não podia voltar atrás, não obstante os meus esforços para que voltássemos a ser os mesmos adolescentes ingénuos e sonhadores.

Hoje consigo compreender as pessoas que amam e não são amadas, como num jogo de sorte em que se lançam os dados e uns têm mais sorte do que outros. Não tivemos a sorte de conhecermos o amor um do outro, agora arrumado no passado e mais tarde esquecido pelas investidas do tempo.

Lamento imenso que a nossa relação não tenha resultado, que eu não tenha conseguido conservar intacto o teu amor, que as coisas se tenham perdido, mesmo a esperança...

terça-feira, fevereiro 15, 2005

"Tão veloz como o desejo" - Laura Esquivel

"Amar é um verbo. Demonstramos o nosso amor através de acções. E uma pessoa só se sente amada quando a outra lhe manifesta o seu amor com beijos, abraços, carícias e demonstrações de generosidade. Uma pessoa que ama procurará sempre o bem-estar físico e emocional da pessoa amada.

Ninguém acreditaria que uma mãe ama o seu filho se não o alimenta, se não trata dele, se não o cobre quando está frio, se não lhe oferece os meios para poder desenvolver-se e tornar-se independente.

Ninguém acreditaria que um homem ama a sua mulher se em vez de lhe proporcionar o dinheiro para as despesas o gasta em bebedeiras e em putas. Um homem pensar primeiro em satisfazer as necessidades da sua família e não as suas é um acto de amor. (...)

Assim, vemos que o verbo amar se pode conjugar de duas maneiras. Ou com beijos e carícias ou proporcionando bens materiais. Dar alimento, prover os estudos, vestir e dar um tecto, também se traduz num acto de amor. Dizemos a uma pessoa que gostamos dela quando a beijamos ou quando lhe compramos os sapatos de que precisa tanto. E, nesse sentido, os sapatos cumprem a mesma função do beijo. São uma demonstração de amor. Mas isso não significa que possam converter-se num substituto. Sem amor pelo meio, os bens materiais são uma forma de coacção, de corrupção, de que se valem algumas pessoas para, em troca, obterem os favores do outros.

E se é bem verdade que não só de pão vive o homem, também não pode sobreviver só de amor. Talvez por isso seja tão triste um apaixonado pobre".

Laura Esquivel , em "Tão veloz como o desejo", cap. IV

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Uma vida pela metade - V.S.Naipaul

O último livro que li foi "Uma vida pela metade" de V. S. Naipaul, galardoado como Prémio Nobel de Literatura em 2001. Gostei de o ler. Aqui vão algumas ideias que o livro transmite.

O livro conta a história de dois homens, pai e filho, da sua instabilidade e dos seus fracassos. O pai de Willie Chandram começa por narrar ao filho a sua rebeldia, inspirada por ideais românticos, face à universidade e às tradições da sua família. Assim, começou por largar o emprego, fez um voto de silêncio e acabou por casar com uma mulher de casta inferior mas não conseguiu afastar de si a sensação de inutilidade que o perseguia.

O jovem Willie, depois de ouvir a história do pai, sente-se decepcionado e parte para Londres, onde se torna autor de peças radiofónicas para a BBC. Willie atinge o auge da ficção ao publicar um livro de que não gosta, mas que o leva a frequentar um pequeno círculo de artistas. Todavia, é em Londres que conhece Ana, uma admiradora do seu livro, com quem casa e parte para a terra dela, Moçambique, com o intuito de começar uma nova vida.

Em Moçambique, numa fazenda colonial portuguesa, Willie desempenha o papel de marido, patrão e amigo dos amigos da esposa, ao longo de 18 anos, mas com novas aventuras. A questão é: até que ponto Willie vai viver a vida dos outros? Será que vai viver sempre a vida pela metade?