terça-feira, julho 31, 2007

Matar

"- Tu já mataste alguém?- inquiriu Jordan animado pela intimidade que a escuridão favorecia e por um dia passado em comum.
- Sim, muitas vezes. Mas nunca me senti satisfeito. Para mim matar um homem é pecado. Mesmo quando são fascistas que é preciso matar. Eu, por mim, acho grandes diferenças entre um homem e um urso e não acrediro nessa bruxaria dos ciganos a respeito da fraternidade com animais. Não. Eu sou contrário à matança de homens.
- E, no entanto, mataste.
- Sim. E voltarei a matar. Mas se escapar com vida hei-de fazer o possível por viver de modo a não fazer mal a ninguém, a fim de ser perdoado.
- Por quem?
- Quem é que sabe? Desde que não há Deus, nem Filho, nem Espírito Santo, quem pode perdoar? Eu não sei.
- Então já não tens Deus?
- Não, homem. É certo que não. Se houvesse Deus ele nunca permitiria que visse o que tenho visto com estes que a terra há-de comer. Podemos deixar-lhe o Deus.
- Eles reclamam-no.
- É claro que Ele me faz falta, pois fui educado com religião. Mas agora um homem tem de ser responsável por si.
- Nesse caso és tu que tens de perdoar-te pelas mortes feitas.
- Creio que sim - concordou Anselmo. - Já que pões a questão nesse ponto, parece-me que deve ser assim. Mas, com ou sem Deus, estou convencido de que matar é pecado. Para mim tirar a a vida de outra pessoa é coisa de muita gravidade."

Ernest Hemingway, em "Por Quem os Sinos Dobram"

Todos os bons e firmes são alegres

"Todos os bons e firmes são alegres, reflectiu Jordan. É muito melhor ser alegre que é sinal de uma coisa: de uma imortalidade terrestre. Que coisa complicada! E já quase não há alegres. A maior parte dos lutadores joviais desapareceu. Restam pouquíssimos. E se continuas a pensar assim, meu rapaz, também estás pronto. Muda de disco, meu caro, velho andarilho, velho camarada. Agora és apenas um instrumento de destruir pontos. Não um pensador."

Ernest Hemingway, em "Por Quem os Sinos Dobram"

Tristeza

"Mas não gosto daquele seu ar triste. Má coisa, essa tristeza. E a tristeza que aparece quando os homens estão prestes a desertar ou a trair. É a tristeza do começo do fim".

Ernest Hemingway, em "Por Quem os Sinos Dobram"

És um bruto?

"- És um bruto? Sim. És uma besta? Sim, muitas vezes. Tens miolos? Nenhuns. Agora que viemos tratar de algo realmente importante, é que tu com o amor à lareira pões o teu buraco de raposa acima dos interesses do povo. Vamos. E isto e aquilo e naqueloutro do teu pai. E isto e aquilo no teu. Pega já nesse saco."

Ernest Hemingway, em "Por Quem os Sinos Dobram"


segunda-feira, julho 23, 2007

As Intermitências da Morte - José Saramago

«"Todos os meus livros partem de uma situação improvável ou impossível, sem excepções. Descobri isso há bem pouco tempo, há uns dois anos", afirmou o escritor.

"Se algum talento tenho, é transformar o improvável e o impossível em algo provável e possível. Quero que gostem desse livro por duas razões porque ele merece e porque eu mereço", disse Saramago.

O romance mostra como a agitação e alegria provocadas num país imaginário pela reforma da Morte se convertem logo a seguir num motivo de preocupação, pelo impacto político, económico, social e até religioso da nova situação.

O escritor português avançou que seu novo romance é "extremamente divertido" e que fala sobre a morte "e, portanto, é um livro sobre a vida".

A ausência de mortes de um dia para o outro, sonho milenar da Humanidade, como explicou José Saramago, converte-se repentinamente numa dor de cabeça para governantes e cidadãos.

"Como o tempo não pararia, as pessoas envelheceriam e ficariam numa situação de velhice eterna", afirmou o escritor no lançamento da sua obra.

Com uma população envelhecida, o governo desse país imaginário não sabe como resolver o problema da Segurança Social, as pessoas deixam de saber o que fazer com uma existência imortal e até a fé cristã fica em xeque, pois sem morte não há ressurreição nem vida eterna, comentou José Saramago.

O escritor revelou que teve a ideia de escrever esta obra ao ler um livro que relatava a morte de um pessoa e começou a pensar no que aconteceria se os homens não morressem. "O ser humano alimentou sempre a esperança de conseguir a imortalidade, mas sem a Morte a Vida seria um caos", comentou.

"Quando nasci, a esperança de vida na minha aldeia era de 35 anos e dentro de três semanas faço 83 anos, por isso já me sinto um bocado a entrar na eternidade", gracejou.»

CAETANO BARREIRA/epa in JN

quinta-feira, julho 19, 2007

segunda-feira, julho 09, 2007

Visitem Praga

Conhecida como "cidade das cem cúpulas", Praga é um dos mais belos e antigos centros urbanos da Europa, famoso pelo património arquitetónico e rica vida cultural.

O curso sinuoso do rio através da cidade, cheia de belas e antigas pontes, contrasta com a presença imponente do grande Castelo de Praga em Hradcany, que domina a capital na margem esquerda (oriental) do Vltava.

Podia fazer aqui uma enumeração infindável dos monumentos a visitar... mas para isso existem os guias (recomendo o guia da American Express). Não deixem de visitar a Ponte Carlos, a Zona do Castelo, a Praça Venceslau, O Museu Nacional, o Teatro Nacional, a Câmara da Cidade Antiga, Relógio Astronómico, etc..

Não perder ainda os espectáculos musiciais e teatrais a acontecer a toda a hora em muitos pontos da cidade...


Visitem, não se fiquem pelas descrições dos outros.

A cidade é um encanto bastante acessível aos nossos bolsos.


Esperança